A DPU irá apurar os ataques ocorridos durante um protesto do povo Enawenê-Nawê nos dias 25 e 26 de junho. Os indígenas f
A DPU irá apurar os ataques ocorridos durante um protesto do povo Enawenê-Nawê nos dias 25 e 26 de junho. Os indígenas f
A DPU irá apurar os ataques ocorridos durante um protesto do povo Enawenê-Nawê nos dias 25 e 26 de junho. Os indígenas foram alvos de seguranças contratados pelas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Parecis, Rondon, Sapezal, Telegráfica e Campos de Júlio, localizadas em Sapezal e Campos de Júlio, ao longo do Rio Juruena. Na última quinta-feira (6), a DPU realizou uma reunião com lideranças indígenas para discutir o caso e tomar as medidas necessárias para preservar o modo de vida e os direitos dos Enawenê-Nawê, conforme informado pela assessoria da DPU. Além de investigar as consequências das PCHs, a defensoria também está apurando os ataques ocorridos durante o protesto. Segundo relatos das lideranças, alguns indígenas foram feridos por disparos de balas de borracha e tiveram seus pertences, como mochilas, documentos, redes e cobertores, queimados. Esses ataques surgiram devido à resistência dos Enawenê-Nawê em relação a um acordo firmado em 2012 com a empresa responsável pelas PCHs na região. O defensor Renan Sotto Mayor enfatizou a importância de lidar com essa situação preocupante e encontrar uma solução que esteja de acordo com a preservação dos recursos naturais e o respeito à cultura indígena. De acordo com informações da Polícia Civil, o incidente ocorreu nas áreas de duas PCHs localizadas às margens do rio Juruena, nos municípios de Campos de Júlio e Sapezal. Os indígenas estavam realizando uma manifestação para conseguir uma reunião com a empresa Hydria Geração de Energia, que supostamente estaria utilizando o terreno. Durante a manifestação, que contava com cerca de 400 indígenas, os seguranças efetuaram vários disparos utilizando balas de borracha. Lalokwarise Detalikwaene Enawene, um dos representantes da etnia, afirmou que nenhum dos indígenas estava armado durante o protesto. Vídeos gravados pelos indígenas mostram os seguranças efetuando vários tiros. Os feridos receberam atendimento e uma equipe da Delegacia de Polícia de Sapezal esteve no local para investigar o ocorrido. Foi apontado que a empresa construiu oito PCHs no Rio Juruena e paga um valor em dinheiro aos indígenas para utilizar a área. No entanto, há receio de que o processo se repita, apesar do acordo existente que regulou a relação entre as partes e encerrou a ação possessória. Há mais de 10 anos, o Ministério Público Federal (MPF) vinha atuando com tentativas de conciliação para evitar o conflito. Foi acordado entre os representantes das hidrelétricas e os indígenas um pagamento mensal de R$ 20 mil ao povo Enawenê-Nawê em troca da saída dos empreendimentos e do compromisso de não ocupá-los novamente. No entanto, representantes do povo Enawenê-Nawê têm buscado nos últimos anos um aumento do valor dos repasses mensais. Os indígenas justificam o pleito com a crescente necessidade de adquirir peixes, tanto para alimentação quanto para seus rituais sagrados, devido ao suposto impacto dos empreendimentos sobre as espécies de peixes na região. Por sua vez, as empresas resistem em aceitar o novo acordo, alegando falta de embasamento técnico para justificar o aumento solicitado. Elas afirmam que já cumpriram o Plano Básico Ambiental (PBA) do licenciamento e que não há provas nos autos, que se trata de uma ação possessória, do impacto alegado pelos indígenas. A resistência em estabelecer um novo pacto resultou no episódio de violência registrado no dia 25, quando os manifestantes do povo Enawenê-Nawê foram atingidos por tiros de balas de borracha disparados pelos seguranças das PCHs. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente informou que as PCHs Rondon, Parecis, Telegráfica e Campos de Júlio possuem licenciamento e não ocupam Terras Indígenas.