Dois Cabos sendo um da Polícia Militar e outro do Batalhão de Operações Especiais – Bope, são investigados pela Polícia Civil. Os dois são apontados como autores dos disparos contra moradores em situação de rua em Rondonópolis, na última quarta-feira (27). Na ação criminosa, dois homens morreram e outros dois ficaram feridos.
A Polícia chegou até eles, após denuncias anônimas que foram feitas primeiramente para um site de notícias da cidade de Rondonópolis. Que citava que os dois policiais, haviam consumido álcool e drogas, e depois saíram “caçando” as vítimas.
“Na madrugada desta quarta-feira (27), por volta das 2h, após ingerirem bebidas alcoólicas e outras substâncias, resolveram sair pelo Centro da cidade atirando a esmo em pessoas em situação de rua e usuários de entorpecentes que encontrassem com uma espécie de esporte macabro”, era o que citava parte da denúncia.
O denunciante procurou a polícia, e ainda relatou que foram usadas duas pistolas Glock 9mm da PM e um revólver 38 sem registro, cujo dono é um dos policiais. Depois da ação, um dos policiais acabou sendo atingido na panturrilha pelo outro, ainda dentro do veículo usado. Ele foi levado à Santa Casa de Misericórdia e contou que estava caçando na região de Itiquira quando ficou ferido. O outro policial o deixou para receber atendimento médico e saiu.
Em um B.O registrado no dia pela Polícia Militar, consta que o policial chegou a ser abordado e revistado, mas nenhuma arma foi encontrada.
Por meio de nota, o comandante geral, da PM, coronel Alexandre Mendes, ressaltou que o sentimento ‘é de desgosto e zelo pela tropa que não se confunde com tais práticas’. (A nota na íntegra está disponível ao final desta reportagem).
A Polícia Civil, também emitiu uma nova nota, onde ressalta que as investigações continuam e que o caso segue em sigilo.
“A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Rondonópolis, enfatiza que está empenhada em diligências contínuas para esclarecer a autoria e motivação dos homicídios consumados e tentados, contra quatro pessoas em situação de rua, ocorridos na madrugada de quarta-feira (27.12), no centro da cidade. A apuração está sob sigilo, a fim de resguardar o bom andamento do inquérito policial”, diz parte da nota.
ENTENDA O CASO
Na madrugada de quarta-feira (27), a Polícia Militar recebeu um chamado por volta das 03h47 para responder a relatos de tiros nas proximidades do Centro POP.
O vídeo de uma câmera de segurança mostra o momento em as vítimas são baleadas. Nas imagens é possível ver pelo menos quatro pessoas correndo, e uma deles está mancando, em seguida, um carro vai na direção dos quatro.
Segundo relatos à polícia, pessoas em situação de rua afirmaram que um veículo de cor verde-escuro passou pelo local efetuando disparos e fugiu na direção da Vila Canaã.
Conforme o boletim de ocorrência, pouco tempo depois, a equipe policial foi acionada novamente, sendo informada sobre outro homem baleado na entrada da vila para onde o carro teria se dirigido.
A delegada da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Karla Peixoto, informou que o crime teria sido motivado por ódio. "Ainda é cedo para afirmar qualquer motivação acerca do crime, mas, nesse primeiro momento, trabalhamos com a hipótese que seja verdade um crime de ódio”.
Os disparos que vitimaram Odinilson Landvoigt de Oliveira, 41 anos e Thiago Rodrigues Lopes, 37 anos, que morreram ainda no local; e Oziel Ferle da Silva, 35 anos e William Pereira de Oliveira Filho, 25 anos, socorridos pelo Samu com vida e encaminhados ao Hospital Regional de Rondonópolis.
Nota da PM na ìntegra
“Exaltar como fazemos o trabalho honrado da esmagadora maioria de policiais militares não nos poupa o dever, em ocasiões como esta, de constatar a existência nefasta de uma minoria que conspurca a farda que enverga. Ao tomar conhecimento da participação de dois policiais militares nos bárbaros homicídios em Rondonópolis dias atrás, nosso sentimento é de desgosto e zelo pela tropa que não se confunde com tais práticas. Dessa forma, temos a informar que a PMMT toma desde já todas as providências na direção de responsabilizar os envolvidos em sede disciplinar. Ressaltamos ademais que ambos foram devidamente identificados, e que, nesta hora, a investigação da Polícia Civil conta irrestritamente com todo nosso apoio. Por fim, assevero que a Corregedoria da PMMT através dos procedimentos cabíveis dará a pronta resposta à sociedade mato-grossense, em vista da Vida, bem-maior que defendemos e dos policiais militares que fazem jus a esse propósito", a nota é assinada pelo coronel Alexandre Mendes – Comandante-Geral da PMMT.