Uma equipe de autoridades israelenses de médio escalão chegou ao Cairo para avaliar se o grupo islâmico palestino Hamas pode ser persuadido a mudar sua última oferta de cessar-fogo, disse um alto funcionário israelense nesta terça-feira (7).
O funcionário reiterou anteriormente que a atual proposta do Hamas era inaceitável para Israel.
“Esta delegação é composta por enviados de nível médio. Se houvesse um acordo crível à vista, os dirigentes estariam à frente da delegação”, disse o funcionário à Reuters, referindo-se aos altos funcionários dos serviços de inteligência Mossad e Shin Bet que estão liderando o lado israelense.
A chegada da equipe à capital egípcia ocorreu horas depois de tanques israelenses assumirem o controle do lado palestino da passagem de fronteira de Rafah, entre o Egito e Gaza.
Os jatos israelenses realizaram repetidos ataques no leste de Rafah, a cidade no sul de Gaza onde mais de 1 milhão de palestinos deslocados pela guerra de sete meses se abrigaram.
A Al Qahera News TV, alinhada ao Estado do Egito, informou que ainda havia esforços dos dois lados para conter a escalada.
Mas um porta-voz do governo israelense disse num comunicado anterior que o objetivo de Israel continua a ser destruir o Hamas.
“Estamos sempre abertos a uma resolução diplomática… mas devo dizer que esta operação em Rafah foi concebida para destruir os últimos quatro batalhões do Hamas. Este país será protegido e o Hamas será completamente aniquilado”, disse David Mencer.
Autoridades egípcias pediram a Israel que interrompesse imediatamente a operação Rafah, informou a Al Qahera News TV. O Hamas emitiu um comunicado dizendo que a operação Rafah foi concebida para minar os esforços de cessar-fogo.
A proposta
O alto funcionário israelense, falando sob condição de anonimato, disse que a determinação de Israel em agir contra Rafah levou o Hamas a apresentar apressadamente a sua mais recente proposta.
A última proposta adotou a estrutura básica de uma proposta de 27 de abril, baseada na suspensão dos combates e no retorno de alguns dos mais de 130 reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos em Israel, mas depois a estendeu a “extremos inaceitáveis”, disse o funcionário.
No entanto, um funcionário do Hamas disse que o grupo concordou com o cessar-fogo em fases e o acordo de libertação de reféns proposto por Israel em 27 de abril, com apenas pequenas alterações que não afetaram as partes principais da proposta.
A nova exigência não permitiria a Israel vetar a libertação de prisioneiros palestinos específicos, incluindo Marwan Barghouti, um líder da facção Fatah que acualmente cumpre pena de prisão perpétua pelo seu papel na preparação de ataques mortais contra israelenses.
O texto também levantaria as restrições à importação para Gaza dos chamados materiais de “dupla utilização”, que podem ser utilizados tanto para fins civis como militares. “O Hamas diz que estes deveriam ser autorizados a entrar para a reconstrução de Gaza, mas sabemos que a sua intenção é fabricar munições”, disse o responsável.
Além disso, o Hamas oferece agora libertar apenas 18 reféns na primeira fase de uma trégua, em vez dos 33 que teriam sido libertados ao abrigo de propostas anteriores, com o restante a vir numa fase subsequente, disse o responsável.
“Isso significa que Israel conseguiria apenas 18 reféns se mantivesse a sua recusa em cancelar a ofensiva”, disse o responsável.
No entanto, uma cópia da proposta que o Hamas disse ter aceitado, obtida pela Reuters, mostrava que a facção islâmica libertaria todos os reféns antes do final do período de 42 dias da primeira fase.