Em depoimento à Polícia Civil, Gustavo Benedito de Santana, de 18 anos, preso por envolvimento no homicídio de Heloysa Maria de Alencastro Souza, ocorrido na terça-feira (22), em Cuiabá, revelou que quem enforcou a vítima foi o adolescente de 16 anos que também é suspeito do crime e foi apreendido.
Segundo a Polícia, o crime foi motivado por ciúme, a mando do ex-servidor do Estado, Benedito Anunciação de Santana, de 40 anos, pai de Gustavo e padrasto de Heloysa, após uma briga entre ele e a mãe dela, Suellen de Alencastro Arruda, que era o alvo inicial.
O crime ocorreu no bairro Morada do Ouro, na casa das vítimas. Benedito, assim como Gustavo e dois adolescentes de 16 e 17 anos que participaram do homicídio, foram detidos na madrugada e na tarde de quarta-feira (23).
“A Heloysa estava indo pra lá, e ela viu [a gente] e foi para o outro quarto. Nessa, o [acusado menor] já saiu correndo atrás dela e ela ficou sem reação. Ele tampou a cara dela, voltou para o quarto, a gente segurou e ele terminou o serviço, de enforcar”, disse Gustavo.
“Eu amarrei o pé, o braço foi o [acusado menor 2]. Eu amarrei ela com intenção de pegar a mãe dela. Fiquei esperando, aí o [acusado menor] enforcou ela. Não aguentei ficar olhando muito tempo, eu vi e sai”.
“O [acusado menor 2] viu uma parte também, mas não aguentou. [Ela foi enforcada] com corda, [uma] coleira de cachorro. Ele colocou ela sentada no chão. Ela se esticou no chão e aí a parte que eu vi foi a que ele passou a corda [no pescoço]”, acrescentou.
Crime planejado
Conforme Gustavo, o crime foi planejado no início da tarde de segunda-feira (21), após o pai lhe enviar mensagens no WhatsApp dizendo que estava desconfiado da companheira.
Em uma ligação rápida entre os quatro, Benedito teria, então, determinado a morte de Suellen.
“Perguntei se a Suellen aprontou alguma coisa. Ele [disse]: 'Não sei. Estou desconfiado, mas acho que ainda não'. E ele mandou uma foto de visualização única [e escreveu]: 'Ah, meu filho. Já pensei em me matar. Já pensei em matar alguém'”.
Assim, segundo Gustavo, ele e os adolescentes foram até uma praça, onde esperaram por Benedito, que os buscou na Fiat Toro de propriedade do Governo do Estado, e então seguiram para a casa da vítima.
No imóvel, o rapaz afirmou que o pai desceu para vistoriar o lugar, depois liberou a entrada deles. Na casa, entretanto, estava somente Heloysa, que, de acordo com o depoimento, foi rendida pelo adolescente de 16 anos e arrastada até um dos quartos.
“Até então era [para matar] a Suellen, [mas] meu pai falou: ‘Vai ter que ser as duas’”, disse Gustavo ao delegado.
Em seguida, o jovem afirmou que Benedito saiu da casa para atender a um chamado de seu chefe e não presenciou a menor sendo enforcada.
Horas depois, Suellen chegou acompanhada de uma parente e um bebê de colo e ambas foram rendidas. Ainda conforme Gustavo, o mesmo adolescente responsável pelo enforcamento da menor teria agredido a mulher com socos e desferido um tapa no rosto da outra vítima que segurava a criança.
Após a sessão de agressão, Suellen foi colocada em um quarto e amarrada, junto da parente e do bebê. Depois, eles colocaram o corpo de Heloysa no porta-malas do Hyundai HB20 e foram até o local de desova, em um poço no bairro Ribeirão do Lipa.
A fim de dissimular a participação no crime, segundo a Polícia, Benedito voltou para casa, encontrou Suellen ferida e a levou à UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde ele foi preso. Já o corpo de Heloysa foi localizado durante a madrugada.