O procurador da Assembleia Legislativa, Luiz Eduardo Figueiredo Rocha e Silva, confessou que atirou e matou o morador de rua Ney Muller Pereira. O fato ocorreu no bairro Boa Esperança em Cuiabá, na última quinta-feira (10). O procurador foi preso em flagrante logo após se apresentar a polícia.
O delegado Edison Pick, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação, afirmou em entrevista coletiva, nesta sexta-feira (11) que há indícios de premeditação na ação. Segundo ele, o percurso feito pelo suspeito e a forma como o crime foi executado indicam que o procurador pode ter planejado o assassinato.
De acordo com as investigações da Polícia Civil, Luiz Eduardo soube que seu carro havia sido supostamente danificado por um andarilho. Após jantar com a família e deixá-la em casa, ele se dirigiu a dois postos da Polícia Militar para comunicar o fato. Um deles fica em frente ao Shopping Três Américas, e o outro, no próprio bairro Boa Esperança.
Durante esse trajeto, o procurador teria avistado o homem que supostamente arranhou seu veículo. Mais tarde, já no retorno, Luiz Eduardo parou o carro onde a vítima estava, chamou até o carro e atirou.
“Ele chega com os vidros abaixados. Chama a vítima até o carro, e, assim que ela se aproxima, ele faz o movimento de empunhar a arma e efetua o disparo. Não digo que foi uma execução, mas há indícios de que tenha sido premeditado”, declarou o delegado.
Após o disparo, Luiz Eduardo fugiu em alta velocidade sentido Avenida Fernando Corrêa da Costa. A polícia conseguiu identificar a placa do carro, uma Land Rover, e neste meio tempo, o procurador se entregou na delegacia, acompanhado de um advogado.
A arma usada no crime é registrada no nome do acusado, que possui porte legal de arma concedido pela Polícia Federal. O veículo envolvido, uma Land Rover, também foi apreendido.
O procurador se apresentou na DHPP acompanhado de seu advogado, Rodrigo Pouso, que falou à imprensa após o cumprimento do flagrante. Ele defendeu que Luiz Eduardo agiu conforme a lei e alegou que a vítima teria tentado avançar contra seu cliente no momento do disparo.
“As imagens vão mostrar isso. A pessoa abaixa e vem pra cima. E aí, onde pegou o tiro, foi dessa aproximação”, afirmou o advogado, sugerindo que o procurador teria reagido a uma ameaça.
Pouso também defendeu a reputação do acusado, ressaltando que se trata de um cidadão de bem, com família e carreira consolidada, e classificou o ocorrido como uma “fatalidade”.
Repercussão
A Assembleia Legislativa, local de trabalho do suspeito, se posicionou em relação ao caso. Em nota, o parlamento lamentou a morte de Ney Muller Pereira e afirmou que está tomando todas as medidas cabíveis em relação ao caso. O presidente da ALMT, deputado Max Russi (PSB), ressaltou que a conduta do servidor é inaceitável.
“Não podemos aceitar isso, não podemos admitir isso. É claro que vamos ouvir a versão dele, mas uma vida foi ceifada, independente do que a vítima possa ter feito. Por isso, a Assembleia vai tomar todos as medidas cabíveis que o caso requer”, concluiu.
O suspeito é concursado no Legislativo estadual e assumiu o cargo há mais de 10 anos. Atualmente, está lotado na sub-procuradoria de Gestão de Pessoas e sua remuneração bruta é de R$ 44.024,52 mil.
Luiz Eduardo foi autuado por homicídio qualificado por motivo fútil e emboscada, e seguirá respondendo ao processo enquanto a investigação prossegue.