O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, pediu ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante uma visita surpresa a Kiev, que considerasse um cessar-fogo rápido que pudesse acelerar as negociações de paz, disse Orbán durante uma entrevista coletiva com Zelensky.
Orbán disse também que a Hungria gostaria de ter relações bilaterais muito melhores com a Ucrânia e que o seu país estava pronto para participar na modernização da economia ucraniana.
Essa é a primeira visita de Orbán à Ucrânia desde o início da guerra em grande escala na Rússia, em fevereiro de 2022
Orbán tem sido uma figura polêmica em relação ao apoio europeu à Ucrânia. O autoritário líder húngaro tem tentado regularmente esmagar as iniciativas da União Europeia, oferecendo mais apoio militar e financeiro a Kiev durante o conflito.
O primeiro-ministro da Hungria também tem uma relação estreita com o presidente russo, Vladimir Putin, que tem sido frequentemente alvo de escrutínio. O seu vínculo é sustentado pela cooperação econômica e por alguns valores partilhados.
Ambos os líderes também promulgaram políticas anti-LGBTQ e reprimiram a liberdade de expressão nos seus países. A Hungria apoiou a Rússia a nível das Nações Unidas e rejeitou as sanções da UE na sequência da agressão de Putin na Ucrânia já em 2014, depois de a Rússia ter anexado ilegalmente a Crimeia.
A reunião desta terça-feira ocorre no momento em que Orbán e a Hungria assumem o controle da presidência rotativa do Conselho da UE, que muda a cada seis meses. Durante cada período de seis meses, o país que controla a presidência não assume o controle da agenda global da UE, mas tem uma plataforma através da qual pode definir as suas próprias prioridades.
No site do Conselho da UE, compara o exercício da presidência “a alguém que organiza um jantar, certificando-se de que todos os convidados se reúnem em harmonia”, acrescentando que para “garantir a eficácia, a presidência atua como um ‘intermediário honesto’, elevando-se acima dos interesses do próprio titular”.
Orbán assumiu o controle da presidência na segunda-feira (1) com um apelo a “Tornar a Europa Grande Novamente”, uma referência ao slogan político de Donald Trump que irá alarmar muitos dos seus homólogos europeus que estão preparados para o potencial regresso do antigo presidente dos EUA à Casa Branca, preocupados sobre o que isso significará para a UE.
Outras importantes reuniões diplomáticas europeias estão planeadas para julho. A Otan celebrará os 75 anos da aliança em Washington, nos EUA, de 9 a 11 de julho. Espera-se que a agenda desse evento seja dominada por planos de longo prazo para apoiar a Ucrânia e conversas sobre a sua eventual adesão à aliança.
A Comunidade Política Europeia (CPE), um fórum para 47 países europeus, dentro e fora da UE, para discutir os desafios estratégicos do continente, também se reunirá no dia 18 de julho no Reino Unido. A Ucrânia e a Hungria são ambas membros da CPE.
Espera-se que a Ucrânia domine essa agenda e Zelensky possa participar pessoalmente na reunião. Orbán pode ter tido isto em mente ao cronometrar esta viagem a Kiev, garantindo que o seu primeiro encontro com o presidente da Ucrânia desde o início da guerra não fosse num ambiente diplomático tão público e de alto risco.