Informações trazidas no relatório da Polícia Civil, que serviu como base na denúncia que afastou Emanuel Pinheiro (MDB) do cargo de prefeito, mostram a ex-secretária de Saúde Suelen Danielen Alliend ameaçando procurar o grupo político do governador Mauro Mendes (União), caso não recebesse seu “mensalinho” por ajudar nos esquemas da Saúde.
As mensagens constam no celular de Gilmar Cardoso de Souza, à época coordenador Técnico de Logística e Suprimentos na SMS. Gilmar fazia a função de intermediador entre Suellen, Emanuel Pinheiro e Paulo Ros, que era Diretor da Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP).
Em uma das mensagens, Suelen diz a Gilmar que quer o pagamento dela. O assessor responde então que falará com Emanuel.
“Ahhh já deu já. Vou bater na porta de Mauro Mendes. Pedir Ajuda. Eu que estou precisando. Tenho filho para sustentar. Passo óleo de peroba e vou sim. Vou pedir uma ajuda pro Fabinho. Para Botelho", reclama Suelen.
Em outro diálogo com Gilmar, Suelen comenta que sonhou com a primeira-dama do Estado, Virginia Mendes. Em resposta, Gilmar diz que tem uma reunião com Emanuel no dia seguinte, às 16h, e entregará o cargo.
Suelen revela novamente que Emanuel não pagou o mensalinho do mês. "Não recebi nada. Nem consegui arrumar a matrícula da escola".
Outro fato que aponta ações conjuntas do grupo de Emanuel para se blindar sobre eventuais denúncias, e do seu poder de influência, foi apontado em uma conversa em fevereiro de 2023 entre Gilmar, Renaudt Fernando Tedesco de Carvalho, funcionário do Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá e uma secretária adjunta.
O trio desconfia que Suelen esteja questionando demais, provavelmente com a finalidade de revelar o esquema à imprensa ou a polícia.
Entretanto, Gilmar demonstra que o Emanuel já tinha conhecimento da situação, pois diz para uma secretária adjunta: "Pelo amor de Deus. Confio em você. Eu já tinha passado algumas situações para o prefeito".
Ainda de acordo com as conversas flagradas no celular de Gilmar, ficou comprovado através dos diálogos, que o grupo “tinha informações privilegiadas dos passos investigativos realizados pela Polícia Judiciária Civil e anteviu a realização da Operação Curare, deflagrada no dia 20 de abril de 2023”.
Suelen morreu no mesmo dia, horas antes da Operação, vítima de parada cardiorrespiratória.