Uma investigação conduzida pela Polícia Judiciária Civil (PJC) aponta que Emanuel Pinheiro (MDB), prefeito afastado de Cuiabá, e Roberto Dorner (Republicanos), prefeito de Sinop, tenham envolvimento direto em desvios de  recursos destinados a saúde.

O nome dos dois constam no inquérito da ‘Operação Cartão Postal’, deflagrada em outubro de 2023. Esta operação visa apurar desvios na ordem de R$ 87 milhões dos recursos destinados à Saúde.

O termo “El Patrón” era utilizado para se referir aos destinatários das propinas. Segundo as informações obtidas pela investigação, os depósitos destinados a ‘El Patrón’ eram recebidos por Amanda Teixeira Martins, que, segundo a polícia, reside nos Estados Unidos. Além disso, Gilmar Cardoso, associado a Emanuel, admitiu possuir uma conta nos Estados Unidos.

A trama se desenrola com Gilmar mantendo vínculos com Mhayanne Escobar. Conforme relatório da ‘Operação Cartão Postal’, Mhayanne seria responsável por auxiliar na expansão do esquema de desvio de recursos da Saúde de Sinop para Cuiabá.

Chama a atenção o fato de que, em ambas as cidades, Sinop e Cuiabá, as Secretárias de Saúde, nas datas das mensagens via WhatsApp (07/12/2022), eram mulheres, sendo Daniela Cristina de Oliveira Galhardo Barbosa e Suelen Daniele Alliend, respectivamente. O relatório destaca que, se as autoridades máximas de saúde eram do sexo feminino, a expressão “El Patrón” possivelmente se referia a seus superiores, ou seja, os prefeitos municipais.

A ‘Operação Cartão Postal’, que investiga os desvios milionários na Saúde, revelou em sua decisão de afastamento de Emanuel que os beneficiários desses desvios poderiam ser prefeitos. O relatório destaca ainda que ‘El Patrón’ recebia o equivalente a R$ 277 mil por mês, evidenciando a gravidade e a dimensão do esquema de corrupção desmantelado pela operação.

DENUNCIA

 

Mhayanne Escobar, que tinha a atribuição de 'importar' o esquema milionário de desvios na Saúde de Sinop (487 de Cuiabá km de Cuiabá) para a Capital, apresentou à Justiça gravação que revela um suposto pedido de propina do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), por intermédio do ex-secretário Célio Rodrigues, à LB Serviços Médicos, no valor de R$ 30 mil. O dinheiro seria utilizado para cobrir gastos de campanha.

Conversa envolveu Gilmar Cardoso, tido como um dos 'homens' de Emanuel Pinheiro (MDB) na organização criminosa que desviou milhões da Saúde de Cuiabá. Outra figura citada por Mhayanne Escobar no âmbito da 'Operação Cartão Postal', que apura o rombo de R$ 87 milhões da Saúde de Sinop, é Célio Rodrigues, outro 'operacionalizador' da suposta organização criminosa liderada por Emanuel. 

Informações constam na decisão que determinou o afastamento de Emanuel da prefeitura. Documento demonstra que os fatos apurados no âmbito da 'Operação Cartão Postal' foram fundamentais para a conclusão de que o gestor lidera a organização criminosa que tem Célio Rodrigues, Gilmar Cardoso e Milton Corrêa da Costa como membros.

Célio Rodrigues chegou a ter a prisão preventiva decretada em outubro do ano passado em razão da 'Cartão Postal'. Esquema em Sinop foi delatado por um de seus membros, o médico Luiz Vagner Silveira Golembiouski, proprietário da Med Clin Serviços Médicos Ltda.

Na ocasião, Golembiouski revelou que Célio, ainda que já tivesse sido alvo das operações Curare e Hypnos, ainda detinha forte influência na Saúde de Cuiabá. Além da Operação Cartão Postal, outras 15 investigações embasaram a relatório do Ministério Público sobre a suposta 'ocrim', incluindo a Curare e Hypnos